quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

D'água

Falar de saudade é um desafio. É um dos temas mais recorridos por tantos autores que eu fico até meio perdido em dizer algo bonito e fora da mesmice. Mas eu quero falar sobre isso, tá muito forte pra ficar só pra mim.

Saudade é coisa fisiológica, também. Percebe-se facilmente pelo aperto no peito, rosto inclinado e desligado, olhos em lugar nenhum e cabeça em todos os lugares. É latente, a dita cuja. Não é privilégio de classe, é inerente a quem respira, e isso envolve muita gente e bicho.

Eu queria continuar a dizer como é que isso funciona. Mas cada um tem um pouco de saudade dentro de si, e sabe muito bem como é, sem precisar ler nada sobre pra ter certeza de que é isso mesmo. Também não vou continuar porque dei pra ouvir uma canção que não ouvia há muito! E ela me reaviveu muita coisa boa passada e porvir. Ela me deixa feliz e me dá um abraço bom.

É só isso, camaradas.
E que amanheça brilhando mais forte.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

São tuuudo pequenas cooisas
Tuuuuudo deeeeve paaassar!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O estandarte do sanatório geral

Minha casa tem mudado ultimamente. Coisas que antes eram cuidadosamente escondidas por portas e dobradiças, agora estão escancaradas para quem por acaso passar por perto. A persiana do quarto quebrou, o sol agora entra sem cerimônia alguma pra me acordar. O guarda-roupa, sem porta, deixa à mostra a falta de interesse em manter tudo organizado por cor e evento. Outras aberturas são sentidas pela casa, embora algumas, um tanto quanto intrigantes, não possam ver vistas, como a falta da persiana ou da porta do guarda-roupa.

Nem sei quanto tempo faz que a persiana se foi, ou mesma a porta do guarda-roupa. O que eu sei é que hoje, um tanto de meses ou anos depois, me acostumei a tudo isso e não vejo falta de estética ou sei lá o quê mais nisso. Aberturas cotidianas que se transformam no costumeiro, normal. Agora tô só à espera de que as outros rombos se normalizem, e que eu possa sentir todos estes como parte minha acostumada, e sem surpresas não boas por um longo hiato de tranquilidade.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Mas tudo bem

Giz conhece a mim de maneira intensa. E eu não tenho nenhuma lembrança de ter confiado a ela esses sentimentos e memórias que guardo tão bem comigo. De seu escritor, era o xodó, o maior orgulho em letra escrita. Pudera, é tudo muito sensível. Eu que o diga, é bem como se as ondas sonoras da física, enquanto ouço a dita cuja, penetrassem sem permissão alguma, e até com certa violência, em todos os lugares em que a pele cobre meu corpo. Levando em consideração que a pele é o maior órgão nosso, é muita coisa sentida ao mesmo tempo. E é isso que a música causa em mim. Eu estranho o fato dela estar em um álbum vendido ao grande público, que direito têm essas pessoas estranhas de saberem coisas tão íntimas minhas, e só minhas? E é aí que eu me engano, e feio. O poeta foi muito bem sucedido em universalizar a canção, e eu sou só mais uma vítima honrosa por isso.

Imagino seu processo criativo nesse caso em especial. É quando lembro de outro poeta, um mais experiente e bondoso, que não hesitava em aconselhar os jovens inexperientes. Rilke disse que uma de nossas melhores fontes para escrever era a nossa infância, que de tão sincera e ingênua, conseguimos falar sobre ela de uma maneira muito bonita, ocasionando em obras do coração. Obras estas que entram nas pessoas através da cute, por meio de ondas sonoras ou visuais, e que deixam rastros de sensações igualmente desconhecidas e prazerosas por onde passam.