sábado, 7 de fevereiro de 2009

Mas tudo bem

Giz conhece a mim de maneira intensa. E eu não tenho nenhuma lembrança de ter confiado a ela esses sentimentos e memórias que guardo tão bem comigo. De seu escritor, era o xodó, o maior orgulho em letra escrita. Pudera, é tudo muito sensível. Eu que o diga, é bem como se as ondas sonoras da física, enquanto ouço a dita cuja, penetrassem sem permissão alguma, e até com certa violência, em todos os lugares em que a pele cobre meu corpo. Levando em consideração que a pele é o maior órgão nosso, é muita coisa sentida ao mesmo tempo. E é isso que a música causa em mim. Eu estranho o fato dela estar em um álbum vendido ao grande público, que direito têm essas pessoas estranhas de saberem coisas tão íntimas minhas, e só minhas? E é aí que eu me engano, e feio. O poeta foi muito bem sucedido em universalizar a canção, e eu sou só mais uma vítima honrosa por isso.

Imagino seu processo criativo nesse caso em especial. É quando lembro de outro poeta, um mais experiente e bondoso, que não hesitava em aconselhar os jovens inexperientes. Rilke disse que uma de nossas melhores fontes para escrever era a nossa infância, que de tão sincera e ingênua, conseguimos falar sobre ela de uma maneira muito bonita, ocasionando em obras do coração. Obras estas que entram nas pessoas através da cute, por meio de ondas sonoras ou visuais, e que deixam rastros de sensações igualmente desconhecidas e prazerosas por onde passam.

2 comentários:

  1. " Levando em consideração que a pele é o maior órgão nosso, é muita coisa sentida ao mesmo tempo." Isso foi tão Adriana Falcão. Já lesse?
    É lindo, lindo. :] O nome da música é Giz?

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  2. Giz é uma frustração para mim. A primeira vez que eu escutei o "Como é que se diz eu te amo?", eu fiquei com expectativa muito grande quando ele disse que era a música que ele mais se orgulhava. Eu parei, prestei atenção, escutei e pensei: "bom, é essa? tem tantas outras mais bonitas.." Mas música é, sobretudo, o que provoca na gente, o que nos lembra e deve ser mais ou menos isso o que você disse: a infância deve lembrar coisas tão boas que ele se sentia pleno, enfim..
    Mas essa parte eu acho realmente linda:

    "Quero que saibas que me lembro
    Queria até que pudesses me ver
    És, parte ainda do que me faz forte
    E, pra ser honesto
    Sou um pouquinho infeliz..."

    Mas tudo bem, né? :)

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